Durante bastante tempo acreditou-se – e ainda há quem acredite – que para combater as crises económicas que os países regularmente atravessam bastava aumentar a quantidade de dinheiro na mão dos respetivos cidadãos.
Assim, recomendavam os economistas que em tempo de crise se diminuíssem os impostos e aumentasse o investimento público. Com mais dinheiro nos bolsos, as pessoas começavam a adquirir mais bens e serviços e a situação económica ia progressivamente melhorando.
Esta fórmula, defendida principalmente por John Maynard Keynes, resulta bastante bem em economias relativamente fechadas. Mas quando estamos perante economias abertas, como é o caso da portuguesa, as coisas já não funcionam da mesma maneira.
Efetivamente, num país como o nosso, em que as pessoas se deslumbram facilmente com tudo o que vem do estrangeiro e sistematicamente rejeitam o que é produzido em Portugal, um aumento do dinheiro disponível nos bolsos de cada um contribui de imediato para o aumento das importações. Mas ao aumentarem as importações sem um correspondente aumento das exportações temos uma balança comercial desequilibrada e um país sem viabilidade económica. Ou seja, escapa-se à morte pela doença mas morre-se da cura…
Então, que fazer?
A resposta está à vista: é fundamental que num momento em que comece a aumentar o rendimento dos portugueses estes apostem no seu país e adquiram o que é português e dá trabalho e dinheiro a quem cá vive.
Os nossos vizinhos espanhóis, que têm há muitos anos uma percecão muito correta desta realidade, tentam adquirir, sempre que podem, os produtos do seu país. Não foi por acaso que as marcas Compal e Renova, que vendem muito bem em Espanha, deixaram que os espanhóis se convencessem de que elas são espanholas…
E certamente não é também por acaso que a economia espanhola tem uma capacidade de resistência às crises muito superior à portuguesa, mesmo tendo em conta as significativas diferenças estruturais que entre elas existem.
Num momento em que as importações estão outra vez a aumentar significativamente é bom que reflitamos sobre esta realidade e que percebamos de uma vez por todas que às vezes é até preferível pagarmos um pouco mais por um produto se o dinheiro que pagarmos por ele ficar em Portugal e puder voltar mais tarde às nossas mãos. É que perder hoje um pouco para ganhar muito amanhã é bem melhor do que ganhar agora um pouco para perder muito depois…
Parabéns pelo artigo, que explica de forma simples, direta e elucidativa que devemos comprar produtos portugueses, a bem do nosso país.
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